Ambiente: Tratamento com PAC recupera lago poluído da Escandinária

O lago Kirkkojärvi, em Rymättylä, estava entre os lagos com a maior presença de algas e o maior conteúdo de fósforo da Finlândia. Enorme população de peixes sem valor comercial vivia sob uma cortina verde de algas que cobria a sua superfície. No começo do verão, o Kirkkojärvi foi transformado por um tratamento com cloreto de polialumínio. Subitamente, as águas se tornaram claras e os peixes sem valor comercial desapareceram.

O Comitê Kirkkojärvi de Rymättylä foi estabelecido em 1997 com o objetivo de reviver e proteger o lago, aumentar a consciência ambiental dos residentes locais e dos veranistas, reduzir os despejos e acabar com os peixes sem valor. “Os fazendeiros se com­pro­meteram a realizar ações para diminuir os despejos no Kirkkojärvi, como adotar o pousio [interrupção temporária do cultivo], a criação de zonas de proteção, mudanças nos planos de cultivo e um planejamento mais cuidadoso do uso de fertilizantes, baseado em análises do solo da região”, diz Eeva Ståle, chefe do Comitê. “Agora, a água do lago é inodora e parece limpa. Pela primeira vez em anos é possível nadar”, completa.

A mudança foi possível pela apli­cação de dois tratamentos com cloreto de polialumínio (PAC). O procedimento requer permissão das autoridades ambientais, concedida devido às condições extremamente degradadas do lago. O primeiro tratamento foi ministrado em meados de maio de 2002. “O conteúdo de fósforo havia sido subestimado, e foi necessário repetir o trata­mento, já que não fora possível utilizar cloreto suficiente na primeira aplicação”, explica Arttu Aromaa, da Kemwater, empresa finlandesa responsável pelo processo.

Quando o procedimento foi repetido, no início de junho, a dosagem foi aumentada, e os resultados esperados foram obtidos. Cerca de 190 toneladas de PAC foram despejados no Kirkkojärvi, em doses simuladas em piscinas. “Na prática, o produto químico na forma líquida é bombeado no lago a uma taxa adequada e em locais apropriados. A navegação por satélite permite a correta localização dos pontos de bombeamento”, diz Aromaa.

Após o segundo tratamento, o conteúdo de fósforo no lago despencou de 0,19 g/m3 (é considerado eutrófica a água com concentração acima de 0,085 g/m3) para 0,014 g/m3, e a classificação da água se elevou de pobre a excelente. Novamente podia-se ver vegetação nas margens do Kirkkojärvi. Para garantir a longevidade dos resultados, foram organizadas tentativas de frear as emissões despejadas no lago. Plantas de tratamento em pequena escala foram instaladas para o processamento de despejos domésticos, e em alguns casos, para a água de irrigação. Estas plantas podem reter mais de 90% do fósforo presente nos efluentes.

A densidade de peixes no Kirkkojärvi foi estimada em 500 kg/hectare, mais de seis vezes a do Lago Pyhäjärvi, em Säkylä, considerado o mais rico em espécimes da Finlândia. Diversas tentativas com redes de pesca foram encampadas para reduzir o excessivo contingente de peixes sem valor comercial, todas em vão. Após o segundo tratamento, contudo, o pH da água do lago reduziu-se para menos de 5. Como resultado, esses peixes foram eliminados e um total de 15 toneladas foi removido do lago. Os peixes foram coletados por um período de cinco dias e enterrados conforme o estipulado na permissão ambiental. Segundo Harri Helminen, cientista do Centro Ambiental Regional Finlandês do Sudoeste, enterrar os peixes é a melhor solução, pois desse modo os animais retornam aos ciclos naturais da matéria. O próximo passo aponta para a introdução de espécies predadoras, para manter a população de peixes sem valor comercial controlada.

Com a água limpa, plantas aquáticas também proliferam no local, proporcionando melhores condições de alimentação e sobrevivência para os predadores. “A população de peixes precisa ser controlada, pois de outro modo os peixes sem valor comercial continuariam a cavoucar o leito do rio e a liberar o fósforo lá”, enfatiza Aroma.

De acordo com os termos da per­missão ambiental, o estado do lago deve ser monitorado atentamente nos próximos três anos. Cerca de 4.000 lagos do país nórdico precisam de tratamento semelhante.

O Kirkkojärvi possui área de 42 hectares e profundidade média de 2,5 metros. O cloreto de polialumínio em­pregado no tratamento é um coagulante usado em plantas de tratamento de água. O alumínio provoca a coagulação do fósforo em seixos que migram para o leito, formando sedimentos. A eutrofização da água é reduzida já que o fósforo fica quimicamente ligado ao alumínio. Durante o processo, adequado para lagos pequenos, a acidez da água é elevada, mas retorna gradualmente ao patamar original, dependendo do tipo de solo e da drenagem.

A redução dos peixes sem valor comercial baseia-se no fato de que a família Cypridae é a mais sensível à acidificação. Os efeitos podem ser regulados pelo ajuste da dosagem. Se estas espécies não representam pro­blema algum, as doses podem ser ajustadas em níveis que não prejudicam os animais.

Kemwater cria novo sistema de secagem de lodo

A Kemwater, empresa do grupo finlandês Kemira, desenvolveu processo para o gerenciamento de lama produzida no tratamento de águas industriais, motivada pela exigência das autoridades ambientais suecas de que 75% do fósforo presente nestas lamas deveria ser recuperado. O projeto Krepro criou nova tecnologia de redução de volume, melhora da desinfecção das lamas (importante para o uso agrícola do fósforo) e eliminação do odor.

Reciclar o fósforo das lamas é um processo químico complicado e caro, mas a empresa desenvolveu uma técnica, a hidrólise oxidativa, simples e barata. O método foi testado em uma planta piloto em Helsinborg, na Suécia, e parceiros estão sendo selecionados para testes em operações regulares. “Em comparação com as técnicas atuais, podemos reduzir o volume de lama entre 30% e 50%, ao mesmo tempo em que elevamos a fração de sólidos”, diz Göran Karlsson, gerente das áreas Kemwater Technologies e Sludge Ma­nagement.

A redução de volume permite economia de custos considerável na disposição final ou na incineração. O custo de disposição da lama varia nos países, e situa-se entre € 20/m3 a € 150/m3.

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