Agroquímicos: Basf conclui a compra do negócio Fipronil

A Basf concluiu a operação comercial com a Bayer Cropscience, no contexto dos ativos vinculados à molécula do inseticida Fipronil.

A última etapa desse processo ocorreu com a transferência dos equipamentos necessários à produção do agroquímicos da fábrica da Bayer, em Portão, Rio Grande do Sul, para Guaratinguetá-SP, no segundo semestre de 2004.

A Basf Aktiengesellschaft anunciou no início de 2003 a compra do pacote de defensivos agrícolas da concorrente em âmbito mundial.

A aquisição incluiu todos os ativos do inseticida líder de mercado Fipronil, e as formulações derivadas de sua com-posição básica, e envolveu investimento de € 1 bilhão.

Com isso, a empresa incrementou significativamente a sua participação no mercado de defensivos agrícolas, além de promover uma melhor distribuição no portfólio de produtos, entre herbicidas, fungicidas e inseticidas, reduzindo a dependência de uma única classe de produtos.

A operação com o Fipronil no Brasil custou US$ 2,6 milhões. Por conta do negócio, a empresa Basf passa a contar com um pacote completo no competitivo mercado de agroquímicos.

O Centro de Produção Agro da Basf, inaugurado em 2003, em Guaratinguetá, é uma das duas maiores unidades de síntese de defensivos agrícolas da empresa no mundo, com 2,7 mil metros quadrados de construção e com um dos maiores sistemas de automação do mundo, com investimentos de US$ 35 milhões. No biênio 2004/2005, a unidade receberá capital de aproximadamente US$ 1,1 milhão para expandir sua capacidade.

Somado a esses dois investimentos, cerca de US$ 1,3 milhão foi destinado na ampliação de capacidade da fábrica do fungicida Ópera, uma combinação do Fipronil 500 com o Epoxiconazole, o qual tem apresentado resultados satisfa-tórios no combate à ferrugem asiática e outras doenças, de tal forma a permitir o completo ciclo da soja com alta produ-tivi-dade e maior rentabilidade ao pro-dutor.

“Trata-se de uma fábrica montada em módulos, de forma a possibilitar a produção de vários compostos utiliza-dos na área agrícola e segue os mais modernos conceitos mundiais em termos de proteção ambiental e de logística”, explicou Markus Heldt, vice-presidente da Basf em entrevista coletiva realizada em São Paulo por ocasião do lançamento do empreendimento.

Para Heldt, essas regiões concentram produtores rurais preocupados em operar produtos cada vez mais eficientes, diretamente vin-culados ao aumento da produtividade nas lavouras.

Imposição legal – A Bayer foi obrigada a se desfazer de parte dos seus ativos direcionados ao setor primário por determinação do organismo cor-res-pondente ao Cade na União Européia, depois de ter adquirido a divisão de agroquímicos da Aventis em 2001, por US$ 7 bilhões. “Isso ocorre em qualquer lugar do mundo.

As autoridades estudam o negócio e o que você passa a significar no mercado.

Aí eles dizem que você vai ficar grande demais e estipulam medidas para permitir a continuidade da livre concorrência”, explicou o diretor de produção da Bayer Cropscience para o Brasil, Gerhard Evelbauer.

Ele fez questão de ressaltar que a atividade da Cropscience em solo brasileiro vai de vento em popa.

Química e Derivados: Agroquímica: Equipamentos foram levados de Portão - RS para Guaratinguetá - SP. ©QD Foto - Divulgação
Equipamentos foram levados de Portão – RS para Guaratinguetá – SP.

“Estabelecemos nossas metas de forte crescimento na América Latina baseados em nosso amplo portfólio de produtos, novos lançamentos e nas condições favoráveis de crescimento nesta região”, destacou Friedrich Berschauer, presidente mundial da empresa em sua última visita ao Brasil.

Além da fábrica em Portão, a Bayer Cropscience conta com um importante centro de distribuição em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Segundo Evelbauer, as duas unidades de negócios operaram à plena carga nos últimos dois anos.

Ele destacou ainda o crescimento da Bayer Cropscience no Brasil, o qual corresponde por mais da metade do total de vendas da empresa na América Latina.

Nos primeiros nove meses de 2004, as vendas no país atingiram € 406 milhões, um aumento de 55 % em comparação com o ano anterior em euros. “O Brasil é hoje o segundo maior mercado individual no mundo para a Bayer Cropscience”, assinalou Evelbauer.

De acordo com o último relatório, o sub-grupo da Bayer, sediado em Monheim, Alemanha, apresentou ven-das de US$ 918 milhões na América Latina em 2003. Apesar dos efeitos negativos do câmbio, as vendas nos primeiros nove meses de 2004 aumen-taram 32 %, de 481 milhões de euros para € 637 milhões, ao final da safra do terceiro trimestre no hemisfério sul.

As vendas da Bayer Cropscience foram impulsio-nadas pela expansão sustentada das áreas de plantio de diversas culturas, pelas boas condições agroclimáticas e pelo aumento da utilização de sistemas de proteção de culturas mais modernos.

Nos próximos cinco anos a empresa pretende lançar cerca de 20 produtos no mercado brasileiro. Para 2005, estão previstas quatro novas formulações: o novo inseticida Connect para soja, o Evidence para uso contra pragas na cana-de-açúcar, o Oberon, da nova classe química dos cetoenoles para pragas no feijão e tomate, e o Nativo, um novo fungicida desenvolvido especialmente para atender as neces-sidades dos agricultores brasileiros.

É uma combinação baseada nos ingre-dientes ativos tebuconazole e trifloxystrobin para o controle efetivo de fungos mais importantes do trigo e da soja.

Liderada pela bem-sucedida linha de produtos Folicur à base de tebuconazole e pela expansão dos negócios de triflo-xystrobin com Sphere e Stratego, as vendas de fungicidas da Bayer Cropscience na América Latina aumentaram 69% nos primeiros nove meses do ano.

Os herbicidas cresceram 24% e os inseticidas 19% nos primeiros nove meses de 2004. Os negócios com tratamento de sementes beneficiaram-se da continuada tendência de proteger as sementes precocemente na época do plantio, o que resultou em um aumento de 35% das vendas.

O surgimento da ferrugem asiática foi detectado pela primeira vez na América Latina na safra de 2000/2001, em solo paraguaio.

Desde então se espalhou pela Argentina e Brasil. A necessidade de responder ao ataque dessa praga também está relacionada com os bons negócios da corporação na América Latina.

O mercado de defensivos agrícolas brasileiro vem se expandindo à taxa média anual de 9% em US$ desde 1990, e representa uma oportunidade significativa de crescimento para a indústria.

Já o mercado latino-americano cresceu 7,4% na média entre 1990 e 2004, bem superior ao ritmo de expansão do norte-americano, o qual expandiu ape-nas cerca de 0,7% no mesmo período.

A direção da Bayer Cropscience acredita no crescimento contínuo do mercado nos próximos anos, embora a taxas mais baixas, com volume projetado de € 5 bilhões até 2010.

A Bayer AG, com sede na Alemanha, promoveu um realinhamento em sua estrutura corporativa e se desmembrou em três empresas: a Bayer Healthcare passou a responder pela área de saúde humana.

A Bayer Cropscience incorporou toda a pesquisa e indus-trialização de produtos voltados ao setor primário.

Por sua vez, a Bayer Mate-rialscience está à frente das pesquisas com engenharia de novos materiais. No ano passado, a Cropscience produziu 10 mil toneladas de químicos empregados da agricultura a partir de Portão.

A empresa conta com 50 plantas em nível mundial. Seus produtos e serviços chegam a 120 países.

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