Vilões? – O guia também recebeu reações negativas quando associou o número de ingredientes e os nomes não convencionais presentes nos rótulos dos alimentos à nocividade dos produtos.
Segundo os críticos, o mais importante é pensar no conteúdo de nutrientes.
“A banana, por exemplo, tem fenilalanina, etil butanoato, ácido oxálico e gás etileno. Pela classificação, se tivesse um rótulo na casca da banana, haveria uma lista considerável de ingredientes, com nomes complexos e desconhecidos: então não devemos consumir?”, provoca Madi.
A discussão atinge a cadeia de alimentos industrializados como um todo, considerando desde o fornecedor de matéria-prima e aditivos até o comerciante do ponto de venda direto ao consumidor.
Mariana ressalta que a disseminação de informações confusas e sem respaldo científico tem sua parcela de responsabilidade na formação de opiniões equivocadas sobre o assunto, o que gera uma visão preconceituosa sobre determinados produtos alimentícios.
“As definições da classificação Nova, que generaliza a indústria de alimentos e coloca os industrializados como alimentos que fazem mal à saúde, impactam negativamente o setor”, diz a engenheira.
Os aditivos incorporados aos alimentos industrializados têm o papel de desempenhar funções específicas e de extrema importância nas formulações.
Com a aplicação de aditivos e processos tecnológicos foi possível obter alimentos com prazos de validade estendidos e quimicamente estáveis, permitindo ao consumidor o acesso, por exemplo, a alimentos durante o período de entressafra, e em locais pouco prováveis de serem encontrados.
Esses químicos também são empregados nos alimentos quando se nota a necessidade de uma função tecnológica a ser desempenhada na formulação, como a padronização do produto final e o impedimento de alterações químicas durante o período de estocagem.
Os aditivos podem também manter, conferir ou modificar o sabor e a coloração dos alimentos. Segundo Mariana, a adição de aditivos, somada à aplicação de processos tecnológicos, permite a segurança alimentar, e não necessariamente define a saudabilidade de um alimento.
“O fato de um produto não ter sido acrescido de aditivo não significa que ele é mais saudável do que aquele que o contém. De maneira semelhante, o fato de conter não implica que não seja seguro para o consumo”, afirma.
Além disso, os aditivos também podem melhorar o valor nutricional dos alimentos, já que algumas perdas de nutrientes podem ocorrer durante o processamento. E nesse sentido, o portfólio da Nicrom contém diversas opções de produtos, que contribuem para a palatabilidade do alimento, sem perder o apelo saudável.
Alguns exemplos ficam por conta dos corantes naturais, aromas, ácido ascórbico e edulcorantes de approach natural da linha.
Aliás, um grande avanço no consumo dos processados/ultraprocessados se deu por causa da indústria de aromatizantes, que é considerada bastante desenvolvida. O sabor dos alimentos industrializados provém dos compostos aromáticos do alimento in natura somado àqueles formados durante o processamento.
Então, o aroma entra intensificando essas notas aromáticas, não só conferindo sabor aos alimentos, mas também caracterizando o produto final e aumentando a sua aceitabilidade.
Segundo a engenheira da Nicrom, o consumidor deseja um produto saudável, nutritivo e saboroso ao mesmo tempo, e os aromas nesse sentido são capazes de satisfazer o paladar trazendo sabores únicos, e permitem que alimentos nutritivos, porém com sabores pouco agradáveis, sejam ingeridos.
Mariana: aditivação contribui com a segurança dos alimentos
“Sem dúvida, as soluções proporcionadas pelos aromas possibilitaram a elaboração de alimentos industrializados mais alinhados ao desejo do consumidor, e contribuíram para o aumento do consumo dos processados”, diz Mariana.
Há 28 anos no mercado, a distribuidora de matérias-primas Nicrom atua no setor de alimentos com aditivos, e tem se empenhado cada vez mais em abastecer o mercado com uma ampla oferta de opções.
Sua mais recente fornecedora de aromas alimentícios é a multinacional japonesa Takasago.
“A parceria mostra o nosso interesse em trazer novidades e oportunidades ao segmento, tendo sempre como principal objetivo oferecer itens que atendam às necessidades da indústria e que também contem com as certificações exigidas pelo setor”, afirma Mariana.
A saber: a Takasago é considerada uma das cinco maiores empresas do mundo na produção de aromas e fragrâncias.
A Basf também apresenta sua contribuição para a saudabilidade dos alimentos industrializados. A companhia fornece para a indústria uma grande variedade de vitaminas, ômega, fitoesterol, licopeno e carotenoides entre outros ingredientes funcionais, além de aditivos para panificação e confeitaria.
Natalia apresenta aditivos que reduzem uso de gordura
“Esses ingredientes têm a função de enriquecer alimentos como margarina, biscoitos, iogurte, cereais, pães, sucos, entre tantas outras possibilidades”, afirma a gerente senior de Inovação, Regulatórios e Qualidade da Basf, Natalia Furakawa.
Segundo ela, também são essenciais para o desenvolvimento de fórmulas infantis, que ajudam as mães que não podem amamentar, e de alimentos enterais, para pacientes que precisam receber a nutrição de modo especializado e customizado.
Enfatizando ser possível fazer um produto industrializado sem ter perdas de saudabilidade, Natalia traz exemplos do portfólio da Basf, como os aditivos que reduzem a utilização de gordura para produtos de panificação e confeitaria.
“O Lamequick e o Spongolit atendem necessidades de produção relacionadas a textura, facilidade na produção, melhores condições de processamento, estabilidade, garantindo a experiência sensorial dos consumidores”, diz a gerente.
Outro exemplo fica por conta dos ingredientes termoestáveis.
Segundo Natalia, eles garantem que os nutrientes dos alimentos industrializados se mantenham intactos até o final do processo. A companhia cita o ômega em pó, microencapsulado e desodorizado.
“Ele viabiliza a introdução de ingredientes saudáveis na dieta das pessoas”, afirma Natalia.
O produto tem a proposta de garantir a integridade do ativo durante a fabricação e não interfir no sabor do alimento a ser consumido, como um iogurte e pães, por exemplo.
Segundo Madi, do Ital, a ciência e a tecnologia dos alimentos desenvolveu-se tanto que não há o que duvidar da indústria quanto à segurança dos produtos.
“Nunca tivemos no Brasil alimentos industrializados tão seguros do ponto de vista de contaminação, seja microbiológica ou química. No entanto, o consumidor fica em dúvida devido a essas confusões de conceitos, indicando o que faz mal e fazendo correlações”, afirma Madi.
Divergências à parte, de alguma maneira, há consenso em uma questão: é preciso bom senso ao se alimentar. Madi explica com um exemplo.
“Um dos alimentos que mais gostamos no Brasil chama-se feijoada, que mal existe industrializada. A feijoada tem alto teor de gordura e sal, só que não vou comer feijoada todo dia e eu não posso comer um quilo de feijoada porque seria muito calórico. Então o que fazer? Adequar o consumo”, conclui.