Adesivos: Guerra de preços atrasa evolução dos hot-melts

Além de ser o único produtor nacional, a atuação da 3M em adesivo de poliuretano reativo possui outra peculiaridade. Embora tenha planos de expandir o seu uso para outros mercados, até então as vendas do produto se concentram para aplicação estrutural nos setores de autopeças e moveleiro.
No primeiro caso, segundo explica Luiz Henrique Duarte, da divisão de sistemas de adesão da 3M, o emprego se destina à colagem de peças com plásticos e materiais diferentes entre si. Seria exemplo a adesão de um componente de ABS com outro acrílico em painéis automotivos.
Já no mercado moveleiro, informa Duarte, esse hot-melt cola móveis finos e de madeira maciça. Também nesse uso possui função de adesivo estrutural (assim chamado porque em testes destrutivos a camada colada permanece intacta). Nos dois usos para os quais a 3M fornece no Brasil, a aplicação do PUR feita é com pistola especial por filete e o poliuretano acondicionado em cartuchos de 310 g. Em Sumaré, a 3M produz três tipos: o TE-031 e TE-230 (para plásticos) e o TE-100 (madeira). Já no Exterior o grupo também dispõe de grades em galões de 3,8 litros, baldes de 19 l e tambores de 208 l, sobretudo voltados para mercado de altos volumes de produção, como o gráfico e o de embalagens.
Também em autopeças – Outras empresas importantes, como a National Starch e a Sovereign, também cogitam de vir a produzir localmente o PUR. Mas por enquanto ainda contam com importações para suprir o mercado. Além das citadas, a HB Fuller, tradicional produtora americana de hot-melts e outros adesivos, com fábrica em Sorocaba-SP, traz a sua versão da filial austríaca. Há ainda vendas de produtos importados por empresas como Artecola e Bostik Findley.
A National Starch and Chemical traz de suas afiliadas dos Estados Unidos e da Inglaterra uma quantidade significativa de PUR para a indústria gráfica e de autopeças. Segundo afirmou o gerente de vendas da National Starch Ridnei Brenna, em 2001 a empresa conseguiu negociar no Brasil 90 toneladas de PUR para a indústria gráfica produtora de livros didáticos, de manuais de veículos, entre outros. Para a indústria de autopeças, os fornecimentos totalizaram 21 t. Neste caso, o nicho explorado é a fabricação de faróis, na colagem da lente com a carcaça.
A aplicação em faróis, afirma Brenna, serve como exemplo típico de substituição vantajosa do PUR. Embora o preço por quilo desse adesivo não seja dos menores (US$ 18,00), os fabricantes das peças automotivas se deixaram levar pelas qualidades do hot-melt. Para começar, em comparação com outros adesivos empregados, seu tempo de pré-cura é bem menor. Enquanto o silicone demora 24 horas para garantir uma adesão que possibilite a manipulação da peça, o PUR só requer 6 minutos. “Essa rapidez hoje em dia tornou-se fundamental para atender o conceito de fornecimento just-in-time na indústria automotiva”, diz. Outra vantagem é o hot-melt ser monocomponente, ao contrário do outro poliuretano bicomponente utilizado na mesma aplicação. Conta a favor ainda a sua característica de colagem de vários substratos.
Promoção incentiva – As vendas de PUR, para a National Starch, se encaixam perfeitamente dentro da tendência global de se concentrar em especialidades. “Preferimos agregar valor às nossas vendas, procurando nichos de aplicação, a ficar brigando por preço no mercado extremamente competitivo de hot-melt EVA para embalagens”, ressaltou Ridnei Brenna.

Para o gerente, as especialidades devem começar a ser mais usadas. Não por menos, a empresa opera dentro da perspectiva de incluir o PUR na produção de sua fábrica de hot-melts planejada para ser construída a curto prazo em São Paulo. Sua confiança se baseia não só na busca por qualidade de muitos clientes, mas também no esforço de divulgação e marketing dos fornecedores. Neste último caso, vale ressaltar, o papel não é realizado apenas pelas empresas de adesivos. Fabricantes de equipamentos para aplicação, como a ITW Dynatec, também estão envolvidas na campanha pelo uso do poliuretano reativo.
Enquanto o mercado não deslancha de vez, provocando uma possível queda de preço no PUR, as empresas que importam o adesivo vivem de negócios específicos e sazonais. A gaúcha Artecola, por exemplo, com unidade de hot-melts e adesivos base água e base solvente em Campo Bom-RS, é um desses casos. Segundo seu diretor-superintendente, Eduardo Kunst, embora esteja fornecendo o PUR desde 1994 e se mantenha atenta ao amadurecimento do mercado, ainda considera esse ramo como de negócios isolados, sobretudo no mercado calçadista e, em segundo plano, o automotivo. “O custo de produção desse adesivo ainda é alto e os equipamentos para a aplicação muitas vezes possuem preço impeditivo”, afirmou Kunst.
Para exemplificar o aspecto sazonal das vendas de PUR, a experiência da americana Sovereign também deve ser destacada. Com unidade inaugurada oficialmente no Brasil no final de fevereiro, em Vinhedo-SP, a empresa, por meio da gerente geral Silvana Reis, confirma que os fornecimentos de sua linha Primamelt R, proveniente da filial inglesa e vendidas a US$ 13/kg, sofrem há alguns anos um boom surpreendente no final do ano para atender gráficas de livros didáticos.
Apesar de a Sovereign ter entrado no Brasil no ano passado, antes disso a Croda, adquirida pelo grupo, já comercializava esse e outros hot-melts e adesivos no País.
Sempre foi assim .Reduzir custo a toda hora .Não é só nessa condição que vivemos hoje ..
Quem sabe fazer , faz.Pois já passamos momentos quais…ou não ?
Abraço todos