ABRAFATI – Tintas assumem novas funções para mercados em recuperação

Química e Derivados, Tintas, ABRAFATI

As perspectivas de recuperação da economia e de atração de novos investimentos no país, principalmente nas áreas de infraestrutura e de construção civil, embasaram o pronunciamento do presidente do conselho da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati), Fernando Val y Val Peres, ao inaugurar a Abrafati 2009 – a 11ª. Exposição Internacional de Fornecedores para Tintas e o 11º. Congresso Internacional de Tintas, realizados de 23 a 25 de setembro, no Transamerica Expo Center, em São Paulo. O discurso destacou os sinais de um cenário otimista para o setor, com crescimento estimado em torno de 6% neste ano.

Na manhã do dia 23, as boas-vindas de Peres produziram efeito positivo  sobre os participantes da solenidade de abertura da Abrafati 2009, este ano reunindo mais de 160 empresas expositoras e milhares de visitantes. Mais uma vez, a entidade setorial conseguiu conciliar os negócios, lançamentos de insumos e as mais recentes novidades tecnológicas para tintas e vernizes.

“A sustentabilidade será a base para a nossa atuação e as tecnologias deverão estar cada vez mais a serviço do meio ambiente e da qualidade de vida”, afirmou Peres, com propriedade, tendo em vista o fato de ele também ocupar a diretoria comercial de uma das maiores indústrias de tintas, a Sherwin-Williams.

Química e Derivados, Fernando Val y Val Peres, presidente do conselho da ABRAFATI, ABRAFATI
Fernando Val y Val Peres: sigla SHEPIDS aponta caminhos para o futuro

Traduzidas em produtos, as tintas do futuro – algumas delas já disponíveis –, tema central desta edição da Abrafati, segundo Peres, vinculam-se a novos conceitos que deverão nortear as ações e as estratégias de toda a cadeia produtiva nos próximos anos. A sigla SHEPIDS – formada pelas iniciais das palavras em inglês safety (segurança), health (saúde), environment (meio ambiente), protection (proteção), innovation (inovação), decoration (decoração) e sustainability (sustentabilidade) – resume o atual paradigma. Os novos produtos oferecerão às indústrias de tintas e aos usuários fi nais um conjunto de tecnologias adequadas e mais seguras, compatíveis com o conceito de construção “verde”, com baixa ou nenhuma emissão de compostos orgânicos voláteis (VOC), gerando menor volume de resíduos e menor impacto ambiental. Decorrem de formulações em pó, esmaltes em base aquosa e com aditivos também sustentáveis, que permitem produzir tintas mais duráveis, sem toxicidade, aliando maior poder tintorial ao menor consumo de energia na produção e na secagem.

Nesse rol de tintas de maior valor tecnológico foram arroladas as tintas anticorrosivas para instalações críticas, as mais resistentes a intempéries; os vernizes automotivos resistentes a riscos e/ou autorregenerativos (selfhealing); as tintas autolimpantes, entre muitas outras possibilidades permitidas pelos avanços em insumos químicos.

Na linha de frente das pesquisas e dos novos desenvolvimentos propostos pelos fornecedores, destacaram-se as matérias-primas obtidas de fontes renováveis, que poupam o meio ambiente de poluentes agressivos à camada de ozônio. Gradativamente, derivados da oleoquímica e de outras fontes renováveis passam a compor cada vez mais as formulações, disputando participação com os derivados petroquímicos.

“Pintar a casa, a nossa moradia, não pode se transformar em um pesadelo e nossa missão é contribuir para que o nosso futuro, o futuro das tintas, esteja alinhado à somatória de conceitos declarados na SHEPIDS, pois entre os nossos maiores desafios estão o respeito ao meio ambiente e a busca de soluções economicamente viáveis”, afirmou o presidente da Abrafati, propagando condutas mais sustentáveis à produção brasileira, estimada em mais de um bilhão de litros ao ano, e posicionada em 5º lugar no ranking mundial.

Entre as várias sugestões feitas em público ao presidente da Abrafati – a associação que congrega 22 empresas, responsáveis por 80% da produção total de tintas no país –, teve destaque a criação de alíquotas de impostos menores para as indústrias que implementarem ou acelerarem processos de produção mais limpos e que passem a produzir tintas mais sustentáveis e amigáveis ao meio ambiente e aos usuários.

Inovações do futuro – A Dow Coating Materials já aprovou investimentos no valor de US$ 20 milhões que serão aplicados em expansões produtivas e no desenvolvimento de novas tecnologias e soluções sustentáveis para as indústrias de tintas, previstos para desembolso no período de 2009/2010. A nova unidade de negócios, criada após a aquisição da Rohm and Haas, ocorrida em 1º de abril deste ano, propiciou ao grupo fortalecer a área de especialidades para as indústrias de tintas, agregando competências e inovações para a fabricação das tintas do futuro.

Química e Derivados, Magalhães Fernandes, diretor de negócios da Dow Coating Materials para todos os países da América do Sul, ABRAFATI
Magalhães Fernandes: química ajuda a evoluir as tintas

“A Dow Coating Materials já está criando as inovações do futuro para que o mercado de tintas possa evoluir o mais rápido possível”, afirmou José Magalhães Fernandes, diretor de negócios da empresa para todos os países da América do Sul. Um dos setores contemplados pela nova safra de tecnologias é o automotivo para o qual foi desenhado um polímero acrílico com função autocicatrizante (self-healing), capaz de regenerar todos os componentes presentes na emulsão, incluindo pigmentos e o próprio polímero, e que propicia à tinta o poder de autorregenerar-se após sofrer riscos e arranhaduras, ampliando a durabilidade dos revestimentos.

Outra tecnologia inovadora da Dow Coating Materials, presente na nova plataforma de produtos sustentáveis, possibilita emulsionar resinas de poliuretano (PU) e resinas de epóxi em meio aquoso, antes apenas emulsionadas em solventes como tolueno e xileno. O novo sistema PU tem por base polióis obtidos de óleos vegetais e deverá oferecer benefícios para os setores de tintas industriais, automotivas, aplicações em linha branca, entre outros.

Apesar de estar em fase final de conclusão, essa tecnologia deverá ser lançada dentro de um a dois anos. Isso porque, segundo Fernandes, a grande questão que se apresenta no momento é torná-la viável economicamente, tendo em vista seu ainda considerado alto custo para os padrões de consumo dos brasileiros.

As mais recentes pesquisas na área de tensoativos surfactantes também resultaram em produtos desenvolvidos com base em óleos vegetais, para substituir os surfactantes de base solvente, oferecendo aos usuários tintas com pouco ou nenhum cheiro, a depender das formulações.

Outra tecnologia que chamou bastante a atenção do grande público, colocada em demonstração no próprio estande da Dow Coating Materials, foi a Invizi-Pro. Trata-se de película invisível que tem por finalidade proteger tintas de uso interno e externo contra manchas de tintas de canetas e de produtos alimentícios como ketchup, mostarda, café, vinho, chocolate etc., para aplicação sobre paredes pintadas com tintas acrílicas, tintas látex, PVA, entre outras. “Vários clientes já manifestaram interesse nessa tecnologia no Brasil”, acrescentou Fernandes.

Tintas resistentes à poluição – Soluções para tintas de alta resistência à lavabilidade e a manchas também foram apresentadas no estande da Basf, entre os quais a nova dispersão acrílica pura (Acronal DS 6282X), resistente a poeiras ultrafinas e a sujidades domésticas. O próximo passo, porém, será trazer ao mercado os frutos de novas pesquisas que permitam formular tintas resistentes a poluentes, para uso em ambientes externos. “Estamos implementando novas pesquisas voltadas ao estudo de resinas hidrofóbicas e hidrofílicas para manter as tintas imobiliárias para exteriores também mais limpas”, antecipou Edson Couto, gerente técnico regional para a área de polímeros da América do Sul.

Edson Couto, Gerente técnico regional para a área de polímeros da Basf da América do Sul, ABRAFATI
Edson Couto: novas resinas ajudam a manter as paredes mais limpas

Outra resina acrílica destacada pela empresa foi a Acronal BS 700. Trata-se de dispersão aquosa de um copolímero estireno-acrílico para a fabricação de tintas econômicas decorativas, empregada como ligante, e que confere alta resistência à abrasão e menor demanda de espessante. Seu filme transparente, brilhante e flexível, apresenta teor de sólidos entre 49% e 51%, e também é isento de alquifenóis etoxilados (Apeo).

Um novo agente dispersante (Ultradispers MD 21), também fruto de desenvolvimento da Basf para tintas de alta concentração de pigmentos em volume (ou PVC, no jargão setorial) permite adicionar altos teores de cargas minerais às tintas e ainda conservar seu desempenho. “Com o desenvolvimento de um novo copolímero acrílico, tornamos possível formular tintas econômicas em base água, com teor de 10% de resinas, no padrão de qualidade exigido pela Abrafati”, destacou Couto.

Outros destaques foram apresentados na área de pigmentos de efeito de natureza orgânica, recém-integrados ao portfólio da Basf, após a aquisição da Ciba Especialidades Químicas. “O diferencial dos pigmentos de efeito (Ximara Fireball) está no seu processo de cristalização, que permite produzir estruturas orgânicas com efeito visual brilhante, com nuances que abrangem desde laranjas/dourados até vermelhos profundos, de acordo com o ângulo de observação, apresentando também transparência, para aplicações automotivas, em embalagens, papéis e gráfi cas, incluindo tintas para a pintura de produtos eletrônicos e bens de consumo”, acrescentou Couto.

Química e Derivados, Wilson Carlos de Souza, diretor técnico da área de coatings da Basf para a América do Sul, ABRAFATI
Wilson Carlos de Souza: avanços tecnológicos devem ter custos adequados aos mercados

Também presente ao estande da Basf, Wilson Carlos de Souza, diretor técnico da área de coatings para a América do Sul, destacou a evolução do país nos últimos anos na fabricação de matérias-primas e insumos, fato comprovado até mesmo pelas exportações para países mais desenvolvidos. “Nosso compromisso é desenvolver soluções que incorporem funcionalidades técnicas às tintas, facilitem o processo de aplicação e promovam a sustentabilidade pelo uso de matérias-primas renováveis, de tecnologias à base de água e de baixo VOC, no entanto, também temos de nos preocupar com os custos para que sejam viáveis para a compra dos usuários fi nais”, comentou Souza.

Qualidade farmacêutica – Os últimos investimentos da Bayer MaterialScience em pesquisa e desenvolvimento de novas matérias-primas para a fabricação de revestimentos e adesivos ultrapassaram os padrões habituais de qualidade existentes em vários setores industriais, alcançando grau farmacêutico de boas práticas de fabricação, segundo revelou Alberto Hassessian, gerente de coatings & adhesives para a América Latina da empresa.

Alberto Hassessian, Gerente de coatings & adhesives da Bayer MaterialScience para a América Latina da empresa
Alberto Hassessian reforçou a oferta de PU especial para o setor automotivo

“E foi com base nesse padrão de produção que criamos a nova geração de matérias-primas para tintas industriais e automotivas, formada por sistemas aquosos ou sem solventes, apenas fazendo uso de resinas de baixíssima viscosidade, que estamos apresentando como novidades para todos os mercados da América Latina”, observou Hassessian. Para a indústria automotiva, as principais inovações foram direcionadas aos sistemas aquosos, baseados em dispersões de poliuretano.

“As grandes montadoras europeias já utilizam tintas com base em sistemas aquosos bicomponentes de PU, gerados pela reação entre isocianatos da linha Bayhydur e polióis da linha Bayhydrol. No Brasil, por enquanto, três montadoras também intencionam aderir à nova solução, já tendo homologado a nova tecnologia e começaram a seguir os mesmos passos das europeias, comprovando que, em termos de resistência, as dispersões de PU não deixam nada a dever e são comparáveis aos sistemas em base solvente”, comentou o gerente.

Outra inovação apresentada pela empresa contemplou a área de adesivos. Trata-se de dispersões de PU e de policloropreno, ambas em base aquosa, pertencentes à linha Dispercoll, desenvolvidas para atender o mercado calçadista para promover a substituição de sistemas em base solvente. As novidades já estão sendo utilizadas nos grandes polos de produção da Região Sul e em Franca-SP, trazendo benefícios à segurança e à higiene do trabalho e à preservação do meio ambiente.

A divisão do grupo Bayer, porém, já oferece ao mercado mais de 400 matérias-primas em base aquosa, nas mais variadas versões para aplicações industriais, automotivas, em repintura automotiva, em madeiras e em plásticos, e pretende num próximo passo também expandir as aplicações de dispersões de policloropreno para a colagem de espumas em indústrias de colchões, móveis, estofamentos e tetos automotivos.

Química e Derivados, Lewis E. Manring, Vice-presidente de tecnologia da Dupont Coatings & Color Technologies, ABRAFATI
Lewis E. Manring divulgou o propanodiol obtido de fontes renováveis

Propanodiol renovável – A Dupont Coatings & Color Technologies também está bastante avançada no desenvolvimento, produção e oferta de tecnologias mais sustentáveis para aplicações em tintas. Lewis E. Manring, vice-presidente de tecnologia da empresa, baseado em Wilmington, nos Estados Unidos, veio para a Abrafati para salientar algumas descobertas resultantes de vários anos de pesquisas.

“No final dos anos de 1990, a DuPont descobriu que por fermentação poderia transformar a glucose do milho ou da cana-de-açúcar em glicerol, que, por sua vez, se transformaria em propanodiol, como já é fabricado desde 2006 na fábrica de Loudon, no Tennesse, capaz de produzir 40 mil t/ano, sendo uma alternativa ao propanodiol petroquímico”, recapitulou o vice-presidente da DuPont Coatings. Esse insumo de origem natural é indicado para tintas e vernizes para pintura de caminhões e também pode ser usado em outras aplicações, como a produção de fibras destinadas à fabricação de carpetes.

“O importante é despertar a consciência dos profissionais e empresas para que enxerguem novas oportunidades no uso de tecnologias sustentáveis. Cabe aos fabricantes de matérias-primas liderar as mudanças envolvendo todos os elos da cadeia produtiva de tintas, entre outras, porque os cientistas já diagnosticaram a presença de 720 gigatoneladas de CO2 na atmosfera”, ressaltou Manring.

Química verde – Com oferta de mais de 50% de matérias-primas provenientes de fontes renováveis, a Cognis também marcou presença nessa Abrafati, ao propagar o conceito de inovação “verde”. “A ideia é oferecer matérias-primas de alto desempenho associadas a fontes renováveis, contribuindo para que os fabricantes possam migrar da base solvente para a base água”, informou Kátia Braga, gerente de vendas da Cognis Brasil.

“O primeiro caminho é migrar para a base água, mas adotar também uma nova composição de aditivos é tão importante quanto adotar a base aquosa, não havendo mudanças drásticas nesse processo, mas apenas tomadas de decisão, para alterar as formulações”, considerou Shailesh Shah, diretor de marketing global da Cognis Corporation.

Química e Derivados, Shailesh Shah, diretor de marketing global da Cognis Corporation, ABRAFATI
Shailesh Shah enfatizou os conceitos da química verde

Segundo ele, a sustentabilidade, os produtos verdes e as tintas amigáveis são alvo de debates no mundo todo, mas a Cognis prescreve a necessidade de adoção de pelo menos sete pré-requisitos ou parâmetros para que um produto possa ser reconhecido genuinamente como fruto de soluções da química verde, abrangendo aspectos como testes de aplicação, proteção à saúde, segurança, degradabilidade, toxicidade, eficiência e rotulagem.

Considerada pioneira no desenvolvimento de surfactantes isentos de alquilfenóis, a empresa vem se preocupando ao longo dos anos com a eficiência das várias matérias-primas. Entre elas estão os modificadores de reologia, isentos de VOC, de Apeo, e de odor; e os antiespumantes, isentos de óleos minerais, de VOC e com baixo odor, os quais têm por base polímeros, óleos vegetais, e outros derivados graxos, apresentando também ao mercado soluções em dispersantes isentas de alquilfenóis e coalescentes sem VOC e com baixo odor.

Segundo Shah, países europeus e os Estados Unidos estão implementando ações inteligentes que despertem uma maior consciência dos usuários e consumidores em relação a químicos e ingredientes que possam ocasionar algum tipo de risco. Condutas desse tipo estão coibindo, por exemplo, o uso de alquilfenóis. “Os alquilfenóis não estão proibidos por legislações, mas não estão sendo mais empregados nas fórmulas porque, caso fossem, exigiriam rotulagens especiais, contendo advertências aos usuários”, informou. Assim, os produtos com rotulagens especiais acabam sendo rejeitados por parte dos compradores, tal qual vem ocorrendo com os produtos industrializados na área de alimentos, obrigados a informar nas rotulagens a presença de gorduras trans, colesterol, ou se o alimento é transgênico.

Além de o consumidor realizar compras com maior consciência ambiental, o diretor da Cognis também apontou a influência atual de grandes redes de distribuição sobre o consumo. “A rede Walmart, nos Estados Unidos, não aceita a presença de alquilfenóis em detergentes e o mesmo procedimento também deverá se estender às tintas”, afirmou o diretor Shah.

Poliéster de ácido dimérico – Uma das grandes novidades da Croda foi apresentada na nova linha de resinas poliésteres, baseada em ácidos diméricos, e que permite aplicações em tintas poliésteres, poliuretanas, epóxis, adesivos em PU, entre outras.

Com amplo portfólio de matérias-primas para a produção de resinas alquídicas – epóxis, poliuretanas, poliésteres e poliamidas –, advindo da aquisição da Uniqema, em 2006, a empresa destacou os benefícios dos ácidos diméricos para várias aplicações.

“Os ácidos diméricos, produzidos em nossa fábrica na Holanda, e que constituem matéria-prima principal para a produção de poliamidas em vários grades, agregam às resinas benefícios de flexibilidade, hidrofobicidade, excelente absorção de pigmentos e resistências térmica, oxidativa e à hidrólise”, informou Richard Pino, gerente regional de vendas da área de especialidades industriais da Croda Miami, dos Estados Unidos.

Química e Derivados, Richard Pino, Gerente regional de vendas da área de especialidades industriais da Croda Miami, dos Estados Unidos, ABRAFATI
Richard Pino: resinas naturais vêm de ácidos dimétricos

Com diferentes graus de pureza que vão desde 80% até 99%, os ácidos diméricos são derivados de ácidos graxos de várias origens oleoquímicas, constituindo, portanto, matéria-prima natural e com alto conteúdo de carbono renovável, integrando a composição de poliamidas para sistemas epóxis, destinadas à fabricação de tintas flexográficas, poliamidas para a fabricação de adesivos hotmelts e para a fabricação de tintas automotivas poliuretanas e/ou poliésteres.

Outra inovação da Croda contemplou a área de surfactantes poliméricos não-migratórios, a fim de contribuir para a redução e/ou eliminação de VOC em tintas à base de resinas alquídicas, que encontram nas tintas imobiliárias decorativas o seu maior mercado, segundo destacou Pino.

Entre os surfactantes para emulsões alquídicas destacados estão LoVOCoat e Maxemul. “O surfactante LoVOCoat apresenta baixo VOC e alto desempenho para revestimentos em base solvente, reduzindo em 30% a quantidade de solvente em geral utilizada”, informou o diretor. Já o surfactante Maxemul elimina totalmente a geração de VOC. “A tecnologia avançada de Maxemul, para emulsificação de resinas alquídicas, permite a eliminação total de solventes em revestimentos à base de alquídicos”, acrescentou o diretor.

Nova geração de emulsificantes – A fabricação de tintas imobiliárias no Brasil com alquilfenóis como nonilfenol e octilfenol ainda é permitida, mas a Clariant já antecipa a oferta de emulsificantes isentos dessas substâncias, baseados em alcoóis graxos e etoxilados provenientes de óleos vegetais, para atender às exigências dos próprios clientes.

O portfólio de emulsificantes não iônicos e aniônicos para processos de polimerização oferecido ao mercado é bastante amplo, mas um dos grandes destaques da empresa nessa Abrafati ficou por conta da nova geração de dispersantes isenta de alquilfenóis e com baixo teor de VOC.

Química e Derivados, Andreas Hardt, Gerente de negócios da divisão Functional Chemicals – Coatings & Construction Chemicals, ABRAFATI
Andreas Hardt: aditivos livres de VOC e alquilfenóis

“O aditivo Genapol ED 3060 é o grande destaque para essa feira porque traz vários benefícios para as tintas imobiliárias em base água, aumentando o seu poder tintorial e ajudando a melhor dispersar os pigmentos concentrados na base branca, conferindo maior brilho e economia de custos”, informou Andreas Hardt, gerente de negócios da divisão Functional Chemicals – Coatings & Construction Chemicals. Com funções umectante e dispersante, o novo aditivo também apresenta baixa formação de espuma, deixa as tintas mais estáveis e oferece maior lavabilidade.

Em matéria de pigmentos, a empresa destacou a linha 70, composta por orgânicos Easily Dispersible (ED), com alto poder de cobertura, e que pode substituir pigmentos inorgânicos à base de metais pesados, mantendo o mesmo desempenho das tintas. Essa linha atende desde esmaltes sintéticos, como também aplicações automotivas originais (OEM), nas cores amarelo, vermelho, laranja, entre outras.

Os pigmentos da linha ED podem ser dispersados em sistemas em base solvente, utilizando apenas um “dissolver”, e vários pigmentos podem ser combinados na base de moagem ou codispersados em conjunto com pigmentos inorgânicos ou, ainda, em moinhos convencionais.

Dispersante eleva poder tintorial – Tintas gráficas para impressão offset, flexográfica, serigráfica, rotográfica e ink-jet, curadas por radiações UV, já podem contar com novo dispersante reativo desenvolvido pela Lubrizol Advanced Materials, e apresentado na feira pela quantiQ, parceira na distribuição de mais uma matéria-prima do fabricante internacional.

Química e Derivados, Antonio Carlos Slongo, gestor de marketing da unidade de tintas, adesivos e borrachas da quantiQ, ABRAFATI
Antonio Carlos Slongo: dispersante melhora impressão com UV

“O novo dispersante reage quimicamente às radiações na faixa de 360 nm até 400 nm e reduz a viscosidade da tinta, tornando-a mais fluida e líquida. Com isso, possibilita aumentar a concentração de pigmentos para que as cores impressas se tornem mais duráveis e intensas”, explicou Antonio Carlos Slongo, gestor de marketing da unidade de tintas, adesivos e borrachas da empresa.

“Trata-se de um hiperdispersante para pigmentos em tintas curadas por UV, denominado Solsperse X300, e que foi lançado mundialmente pela Lubrizol na RadTech North America, em 2008, encontrando-se agora também disponível ao mercado brasileiro”, acrescentou Silvana Yagi Ng, gerente da unidade de tintas, adesivos e borrachas da quantiQ.

Outra novidade destacada envolveu a apresentação de resina vinílica para sistemas em base solvente, voltados à fabricação de tintas para embalagens de BOPP e alumínio, bem como à produção de vernizes heat-sealing para selagens a quente e também para aplicações em tintas para a pintura de chapas metálicas. Fabricada pela Wacker Polymers, na Alemanha, essa resina vinílica já está contando com forte demanda no mercado brasileiro, segundo destacou Silvana. Outras soluções em matérias-primas também foram apresentadas ao público da Abrafati em várias áreas.

Química e Derivados, Silvana Yagi Ng, Gerente da unidade de tintas, adesivos e borrachas da quantiQ, ABRAFATI
Silvana Yagi Ng: dispersante surgiu na RadTech2008

Oxigenados em ascensão – Em plena fase de ascensão no mercado de tintas, os solventes oxigenados estão sendo cada vez mais demandados para substituir os solventes alifáticos e aromáticos, com vantagens ambientais e de maior qualidade. “Estamos registrando crescimento nas vendas de maneira muito significativa entre os nossos parceiros nacionais e internacionais, superior a 10% ao ano, e observando que as empresas tendem a migrar e aumentar seu consumo cada vez mais, a fi m de alcançar melhorias ambientais e também melhorar seus produtos finais”, informou Leandro Carboni, diretor de vendas de químicos para as Américas da Lyondell Chemical Company.

Totalmente integrada na cadeia petroquímica, a empresa é considerada a maior produtora mundial de óxidos de propeno e seus derivados, entre os quais se destacam os éteres de glicóis das séries P (Arcosolv) e E (derivados de óxido de eteno), amplamente utilizados na composição de tintas e resinas, principalmente entre usuários das indústrias automotiva e da construção civil, destinando percentual de 40% da sua produção global de solventes oxigenados para atender especialmente o mercado de tintas.

“Atuamos com fábricas nos Estados Unidos, Europa e Ásia, destacando-nos como o maior produtor mundial de monômeros de estireno utilizados em resinas acrílicas e emulsões, e também de monômeros de acetato de vinila (VAM), utilizados amplamente em emulsões para atender os mercados de tintas imobiliárias”, acrescentou o diretor.

Há cerca de cinco anos, a empresa também vem disponibilizando ao mercado solventes como o butilacetato terciário (TBAc), de baixa geração de VOC, fabricado nos Estados Unidos, seguindo a tendência de oferta de matérias-primas concebidas para não agredir o meio ambiente, segundo também destacou Carboni.

Química e Derivados, Leandro Carboni, Diretor de vendas de químicos para as Américas da Lyondell Chemical Company, ABRAFATI
Leandro Carboni: clientes usam cada vez mais os solventes oxigenados

Por sua vez, a Oxiteno aproveitou a Abrafati 2009 para divulgar novos solventes menos agressivos ao ambiente, mas sua apresentação técnica tocou em um nervo exposto: a metodologia para avaliação das emissões de VOC. O estudo apresentado pelo Oxiteno tomou por base o método americano MIR (maximum incremental reactivity), que avalia os componentes da tinta (principalmente os solventes) pela sua capacidade efetiva de contribuir para a formação de ozônio em baixa camada, prejudicial à saúde humana. “Não adianta medir apenas a quantidade de vapores Silvana: dispersante surgiu na RadTech 2008 Carboni: clientes usam cada vez mais os solventes oxigenados orgânicos que são liberados pela tinta, porque as substâncias não têm o mesmo comportamento no ambiente”, defendeu Fábio Rosa, especialista do departamento de desenvolvimento e aplicação de produtos da Oxiteno.

A manifestação foi provocada por uma pergunta do consultor Francisco Diniz (ex-Coral), que observou que a Abrafati, por iniciativa do seu conselho 76 técnico, segue as diretrizes europeias que avaliam a massa de VOC que pode ser liberada para o ambiente. Rosa respondeu indicando que os europeus questionam o método, porque os resultados ambientais esperados não estão sendo alcançados, embora esse método venha sendo aplicado há anos.

À parte essa discussão, Rosa comentou que o mercado precisa de solventes eficazes que não contenham produtos listados como HAP (poluentes perigosos do ar) e sejam obtidos de fontes naturais renováveis. Essas características podem ser encontradas nos novos Ultrassolve M1300 e M1200, lançados pela companhia brasileira. O M1300, segundo o especialista, é um éster obtido com ácido graxo de origem oleoquímica, com alta solvência, baixo VOC e baixa taxa de evaporação, sendo indicado para uso automotivo, em madeiras e linhas industriais. O M1200 é um acetato de sec-butila que começou a ser produzido pela Oxiteno em Mauá-SP (capacidade para 4 mil t/ano), indicado para os mesmos usos, também com baixo impacto ambiental.

Um terceiro lançamento foi o acetato de isopentila, obtido de um álcool derivado do óleo fúsel proveniente da cana-de-açúcar, com desempenho ambiental semelhante aos anteriores. “Esses lançamentos são interessantes isoladamente ou em misturas diversas, com excelente desempenho”, comentou Rosa. O índice MIR das novidades fica entre 0,56 e 1,26 grama de ozônio por grama de VOC contido, enquanto o tradicional tolueno chega a 3,9.

A Rhodia exibiu na feira as inovações da linha Rhodiasolv, com destaque para o Íris, um solvente sem VOC indicado para desplacantes de tintas, capaz de substituir os solventes agressivos usados na remoção de pinturas. A grande novidade da companhia foi o início da fabricação em Paulínia-SP do acetato de n-propila, indicado para formular tintas de impressão. Oriundo da cadeia alcoolquímica da companhia, o solvente tem bom desempenho ambiental e sustentabilidade, podendo ser usado nas embalagens de alimentos. Também foram apresentados os agentes coalescentes Sipomer, Abex e Rhodapex.

Alto desempenho em gráficas – A oferta de pigmentos orgânicos, incluindo os de alta performance, e inorgânicos, destinados às tintas de impressão e tintas industriais, também se tornou bem mais ampla a partir dessa Abrafati. Com distribuição da Bandeirante/Brazmo, já estão acessíveis ao mercado brasileiro várias linhas de pigmentos fabricados pela indiana Prasad.

Química e Derivados, Carlos Fernando Abreu, Diretor da Bandeirante/Brazmo, ABRAFATI
Carlos Fernando Abreu divulgou os pigmentos da indiana Prasad

“Já estamos introduzindo e homologando entre vários fabricantes as linhas de pigmentos orgânicos clássicos como os amarelos 12, 13 e 74, os laranjas 5 e 34, o vermelho 112, o azul 15, o verde 7, entre outros, incluindo os de mais alta performance, como os pigmentos de quinacridonas e os azocondensados, além de pigmentos inorgânicos, como os amarelos de cromo, os laranjas de molibdato e o azul ultramar”, informou o diretor Carlos Fernando Abreu.

Eduardo Signorelli, gerente de vendas para a América Latina da Sartomer, empresa do grupo Total, parceira da Bandeirantes, seu distribuidor, destacou ao público a linha de polióis de polibutadieno (Poly bd R 45HTLDO), voltados à fabricação de adesivos em base poliuretano, com propriedade de alta flexibilidade a baixas temperaturas (abaixo de zero), e também empregados na fabricação de impermeabilizantes asfálticos.

Quanto à oferta de resinas, a Sartomer também trouxe novidades relacionadas com as resinas de poliéster acrilado (CN 736) com propriedades de aderência a substratos plásticos, para a fabricação de tintas serigráficas e offset, curáveis por radiações UV. “Também estamos oferecendo ao mercado brasileiro a resina de poliéster acrilado (CN 132), com característica de baixa viscosidade e alta velocidade de cura, além de boa fl exão e bom brilho, para a fabricação de tintas para flexografi a, serigrafia e offset”, acrescentou Signorelli.

Da BYK, também sua representada, a Bandeirantes destacou os nano-óxidos de zinco e de cério, como absorvedores ideais de radiações UV, quando comparados com os compostos inorgânicos de dióxido de titânio, cério ou de óxido de zinco, que também absorvem as radiações UV, oferecendo proteção de longo prazo, mas que carregam desvantagem por serem constituídos de partículas sólidas de maior tamanho, podendo reduzir a transparência dos fi lmes de revestimento.

PA líquida nacional – Com os recursos oferecidos pela oleoquímica, é possível respeitar os preceitos da sustentabilidade e resolver o problema de geração de VOC nas indústrias de tintas, segundo acredita Rodrigo João Gabriel, diretor de desenvolvimento e de tecnologia da informação da Carbono Química.

Química e Derivados, Rodrigo João Gabriel, Diretor de desenvolvimento e de TI da Carbono Química, ABRAFATI
Rodrigo João Gabriel produzirá poliamidas líquidas

Até o final deste ano a empresa deverá disponibilizar ao mercado oferta própria de agentes endurecedores de resinas epóxi como poliamidas líquidas reativas, em complemento às linhas das empresas Atul (indiana), fornecedora de diluentes reativos, e também da empresa Nan-ya, de Taiwan, fornecedora das resinas epóxi, e da Huntsman, fornecedora das poliéter aminas e etilenoaminas, parceiras internacionais da Carbono.

“A ideia de fabricar poliamidas líquidas surgiu quatro anos atrás, mas só foi concretizada mais recentemente porque conseguimos dominar o conhecimento sobre as fontes de matériasprimas renováveis para a sua produção, a fi m de produzir com qualidade e custo competitivo”, explicou Gabriel. As fontes mais usuais das poliamidas líquidas são os ácidos graxos advindos da celulose, os tall oils. No caso da Carbono, contudo, a produção de poliamidas líquidas não estará dependente de fornecimentos da indústria papeleira porque a empresa equacionou o problema de sazonalidade na oferta, ao encontrar um parceiro tecnológico para a sua produção com base em um mix de fontes renováveis animais e vegetais.

Além desses produtos, a Carbono também divulgou os solventes da francesa Total, com destaque para a linha de terebintina Spridane, de alta solvência, capaz de melhorar o desempenho ambiental de formulações base solvente e base água.

Multifuncional em base celulose – Alinhada com os princípios de sustentabilidade, a Eastman antecipou e apresentou novidades na feira. Uma delas foi a nova família de ésteres de celulose em base água, em fase experimental de produção. Outro fruto de inovação está no aditivo (Solus 2300), em base celulose, desenvolvido para tintas com alta concentração de sólidos, basecoats para pinturas metálicas originais automotivas, e também com o propósito de oferecer baixo VOC.

Química e Derivados, Renan Marcel Urenhiuki, Coatings Eastman, ABRAFATI
Renan Marcel Urenhiuki: aditivo celulósico melhora

Segundo Renan Marcel Urenhiuki, da área de coatings, o novo aditivo promove múltiplas funções no sistema. “No momento da aplicação da tinta por pistola, que envolve altas taxas de cisalhamento, observa-se uma queda na viscosidade da tinta, o que favorece o seu alastramento e nivelamento sobre os substratos metálicos e plásticos. Porém, ao cessar o cisalhamento, ocorre um incremento na viscosidade da tinta, que impede o seu escorrimento, favorecendo o alinhamento do pigmento metálico, e melhorando o flop index da tinta, diminuindo o tempo de secagem em torno de 30%, e contribuindo para o aumento da produtividade”, explicou. Na opinião de Urenhiuki, os fabricantes de tintas praticamente encontram algumas opções para seguir no caminho da sustentabilidade, podendo migrar para tintas em base água, para tintas alto sólidos, ou, ainda, trabalhar com a associação das duas tecnologias.

“A associação dos dois processos tecnológicos, incluindo também soluções como microgéis e o aditivo Solus 2300, revelou desempenho superior do sistema em todas as propriedades em testes envolvendo aplicações voltadas às tintas automotivas, sendo que essa tecnologia pode também ser estendida para outros segmentos como os de tintas para plásticos, tintas para madeiras, tintas para repintura automotiva e tintas industriais.

Vantagens dos isocianatos alifáticos – Atuando fortemente na oferta de commodities como acetatos de etila e de butila e de especialidades como os isocianatos alifáticos para os mercados de tintas, a divisão química industrial do grupo M.Cassab participou da Abrafati deste ano, destacando parcerias com a Perstorp, Oxiteno, Lanxess, Basf, Solvay, entre outras firmadas com fabricantes de matérias-primas especiais para a fabricação de tintas e vernizes.

Química e Derivados, Paulo Amorim, Diretor da divisão química industrial do grupo M.Cassab, ABRAFATI
Paulo Amorim: isociantos alifáticos conferem acabamento excelente

“Além das atividades de distribuição que demandam expertise em logística, atendimento, ampla cobertura geográfica e suporte técnico, oferecemos soluções próprias em dispersões pigmentárias, blends de solventes, aditivos e sistemas para PU, liderando a comercialização de solventes especiais oxigenados para o setor de tintas, adequados ao conceito de produtos amigáveis”, destacou o diretor Paulo Amorim.

Com ampla aplicação na substituição aos isocianatos aromáticos, os isocianatos alifáticos da Perstorp oferecem vantagens de performance e de adequação às necessidades de preservação ambiental. “Os isocianatos alifáticos agem como catalisadores, fornecendo desde filmes foscos até com alto brilho para os mercados de pintura original e repintura automotiva, encontrando também aplicações nas indústrias moveleiras, em madeiras, e nas indústrias de pisos e carpetes de madeira, para as quais oferecem efeitos vítreos incomparáveis”, afirmou Amorim.

Fábrica do futuro – O conceito da fábrica de tintas do futuro, traduzido em maquete, tornou-se a grande atração no estande da Ipel Itibanyl. “Criamos um conceito, um conjunto de procedimentos e de normas de ‘Boas Práticas de Fabricação’, abrangendo a correta utilização de microbicidas, maior grau de sanitização das instalações industriais e um sistema de gerenciamento para o controle de contaminação microbiológica na fabricação de tintas que está fazendo o maior sucesso entre os clientes e que representa um protocolo para a fabricação de tintas com maior proteção microbiológica, visando o menor uso de biocidas”, explicou Luiz Wilson Pereira Leite, diretor de negócios internacionais.

Química e Derivados, Luiz Wilson Pereira Leite, diretor de negócios internacionais da Ipel Itibanyl, ABRAFATI
Luiz Wilson Pereira Leite recomenda adotar sistemas de baos práticas de produção

Entre as várias medidas a ser adotadas pelas fábricas de tintas do futuro, principalmente sob o aspecto de controle microbiológico, destaca-se a higienização de equipamentos e áreas críticas mais comuns, como tanques, tubulações, curvas de tubos, entre outros pontos sujeitos a incrustações, para evitar a formação de biofilmes e placas bacterianas nas partes internas, o que pode ocorrer mesmo com o uso de preservantes. Outro aspecto muito importante é selecionar os sanitizantes corretos, conhecendo-se inclusive as alternativas em biocidas que atendem aos requisitos regulatórios ambientais e ocupacionais, exigindo o uso de produtos não-agressivos.

Como exemplos, a linha de preservantes para a proteção de formulações em estado úmido inclui itens para sistemas aquosos, envolvendo tintas, revestimentos, slurries e polímeros em emulsão (Ipel BP 508), com ação bactericida e leveduricida de amplo espectro; massas corridas, tintas e revestimentos (Ipel BP 509), também com ação bactericida/leveduricida; tintas, revestimentos e slurries (Ipel BP 550), todos com baixíssima geração de VOC, e isenção de etoxilados e de metais pesados, destacando-se ainda o preservante Ipel BP 560 que, além de todas essas características, também é isento de derivados halogenados, estando de acordo com as normas europeias.

Vários lançamentos feitos pela empresa para integrar a linha de preservantes incluíram ainda formulação em base aquosa emulsionada com ação fungicida e algicida para aplicações em estado seco em exteriores, voltada à preservação de tintas em base água, texturas e revestimentos.

Tratamento de plásticos – As características e particularidades dos processos de flambagem, plasma e de aplicação de poliolefinas cloradas para tratar superfícies plásticas, previamente às pinturas realizadas no setor automotivo, também foram temas tratados com destaque no congresso, durante a apresentação feita por Marcos Fernandes de Oliveira, químico especialista do laboratório automotivo da DuPont do Brasil.

Por causa de sua natureza química, os plásticos apresentam baixa energia de superfície, característica que tende a dificultar a aplicação de diversos sistemas de pintura, mas, entre as alternativas viáveis, as mais comuns são as flambagens e a aplicação de poliolefinas cloradas, processos mais difundidos pelo custo mais baixo, embora o processo de plasma também se apresente como um dos mais eficientes para polímeros como polietilenos, polipropilenos, poliésteres e poliamidas.

Química e Derivados, Marcos Fernandes de Oliveira, Químico especialista do laboratório automotivo da DuPont, ABRAFATI
Marcos Fernandes de Oliveira: técnicas melhoram adesão a plásticos

No processo de flambagem, que consiste na aplicação de uma chama sobre o substrato durante alguns segundos, as temperaturas de aquecimento irão provocar a “excitação” das moléculas do plástico e a consequente liberação de grupos químicos que irão reagir com a tinta, proporcionando uma ligação química entre o plástico e a camada de tinta. Já o plasma, que consiste numa descarga elétrica sobre as peças plásticas, realizada em câmara selada e com atmosfera de gases como argônio, nitrogênio, oxigênio ou CO2, cada qual promovendo mudanças na tensão da superfície do polímero de maneira diferente, além de gerar grupos químicos (hidroxilas e carboxilas) como na flambagem, irá alterar a topografia das peças, deixando-as mais rugosas e com tensão superficial que irá favorecer a aderência das tintas. A aplicação de poliolefinas cloradas previamente à pintura, por sua vez, favorece a aderência porque o cloro apresenta a característica única de exercer maior atratividade por ser eletronegativo, sendo atraído pelo plástico, enquanto que a parte orgânica da poliolefina irá se ligar à tinta.

“Um parachoque, por exemplo, formado por uma matriz de PP e contendo no seu interior uma fração de elastômero, ao ser submetido à aplicação da poliolefina clorada em solução sobre sua superfície, esta irá se difundir passando pelo plástico e chegando à fração do elastômero, expandindo-a e fazendo-a migrar para a matriz de PP, quebrando a sua cristalinidade e favorecendo a aderência, o que ocorre a 500 nanômetros da superfície, promovendo alterações, sem degradar propriedades”, ilustrou Oliveira.

Dispersor de alta capacidade – Na área de equipamentos, uma das grandes novidades dessa edição da feira foi divulgada ao público pela Adexim-Comexim. Trata-se de dispersor provido de rotor/estator de alta velocidade, na faixa de 7 mil até 8 mil rotações por minuto, com capacidade para produzir por sistema contínuo desde 50 galões até 100 galões de tinta por minuto, ou seja, o correspondente a 360 litros por minuto. “Fabricado pela Kady Mill, nos Estados Unidos, essa é a menor versão até o momento disponível, para atender às necessidades de grandes fabricantes de tintas”, informou Carlos Russo, diretor técnico da empresa.

Na versão-padrão, os dispersores de alta velocidade in-line ocupam espaço de apenas 1,5 m2, e também produzem até 11 milhões de litros de slurries por mês, em dois turnos de operações contínuas. “Para pigmentos ou cargas de maior dureza, o tempo de residência na câmara de dispersão pode ser controlado por meio de bomba dosadora, sendo possível ainda operar por looping-recirculação”, acrescentou o diretor. A câmara de dispersão propicia reduzir as quantidades de pigmentos e aumentar o poder de tingimento, produzindo slurries com até 75% de sólidos ou dispersões de TiO2 de alto sólidos, com uma efetiva redução das partículas por desaglomeração, produzindo tintas em uma única operação.

Outra novidade destacada pela empresa foi o aditivo antimicrobiano atóxico Ionpure IPL. Fabricado pelo grupo japonês Ishizuka Glass, trata-se de um íon de prata disperso em vidro nanométrico, denominado vidro solúvel, para aplicações em masterbatches, sistemas plásticos flexíveis e resinas de todos os tipos, nas quais atua como verniz sanitário, oferecendo cinco anos de durabilidade às tintas.

Todas as peças e materiais contendo Ionpure IPL, com indicações de uso desde 0,3% até 0,5% sobre o teor de sólidos dos revestimentos para o efetivo controle de bactérias, podem ter contato direto com alimentos, sendo possível realizar testes de avaliação de eficiência antimicrobiana nos laboratórios do fabricante instalados no Japão, segundo informou o diretor.

Química e Derivados, Carlos Russo, Diretor técnico da Adexim- Comexim, ABRAFATI
Carlos Russo exibiu dispersor de alta capacidade e novo microbicida

“Os grandes fabricantes de tintas já utilizam essa tecnologia, que assegura a isenção de bactérias durante período de cinco anos, em fábricas na Europa e nos Estados Unidos, principalmente para a produção de tintas para uso em hospitais, laboratórios e frigoríficos. No Brasil, Ionpure IPL é bastante requisitado pelos fabricantes de tintas em pó”, revelou Russo.

Vantagens do aço – O setor de embalagens para tintas também contou com algumas inovações. A Brasilata apresentou a embalagem de aço de 18 litros, considerada solução inédita e segura para acondicionar produtos perigosos, como tintas em base solvente, e que atende à norma mundial recomendada pela Organização das Nações Unidas, a ONU, exigindo a realização de vários testes de resistência, como queda livre à altura de 1,20 m, um dos mais rigorosos para que seja obtida a homologação para transporte de produtos perigosos.

No projeto da nova embalagem, desenvolvido em parceria entre a empresa e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em vez de aumentar a espessura da folha de aço, para o reforço do corpo da embalagem, foram aplicados frisos em formato de dente de serra, para a maior absorção de energia, resultando na maior proteção das recravações, ou seja, das ligações do corpo com o fundo e com o anel da embalagem, que evitam o seu rompimento mesmo em situações críticas de queda em quina.

Mais resistentes a choques, quedas e oscilações de temperatura, as latas de aço também contribuem para a sustentabilidade pelo seu alto potencial de reciclabilidade (100%) e seu relativamente curto ciclo de vida, degradando-se em cinco anos quando descartada na natureza, segundo enfatizou a Associação Brasileira da Embalagem de Aço, a Abeaço, também presente à Abrafati 2009.

Por sua vez, a Metalúrgica Prada apresentou seu galão de 3,6 litros da linha safety can. Conta com design inovador que permite o total aproveitamento do conteúdo, eliminando resíduos. Essas latas são facilmente empilháveis, possuem alça e orelhas que facilitam o transporte e manuseio, além de contar com um lacre exclusivo, que garante a segurança do produto embalado. Após o rompimento do lacre, a lata pode ser aberta e fechada com facilidade, sem precisar de ferramentas.

Um Comentário

  1. boa tarde, gostaria de saber quando será a ABRAFATI 2013, se possível adoraríamos participar das cotações dos projetos de stands deste evento..
    aguardo e obrigado
    Rogerio

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