Abrafati 2015: Setor busca inovações tecnológicas para superar momento econômico difícil
A atual circunstância política e econômica do Brasil representa um grande desafio à conhecida resiliência da indústria de tintas e vernizes. Ao longo das últimas décadas, essa atividade econômica sentiu os efeitos de vários períodos de economia fraca, porém sempre conseguiu se manter na superfície, recuperando-se rapidamente em todas as ocasiões tão logo a maré virou.

Os indicadores atualizados da indústria apontam que, depois de amargar dois anos de estagnação, em 2013 e 2014, neste ano a demanda despencou, arrastando para baixo a ocupação das fábricas brasileiras nos seus dois ramos mais importantes: construção civil e produção automobilística. “O pior de tudo é que ainda não chegamos ao fundo do poço”, lamentou Antonio Carlos Lacerda, presidente do conselho diretivo da Associação Brasileira da Indústria de Tintas (Abrafati), também vice-presidente sênior de Tintas e Soluções Funcionais da Basf na América Sul.
Depois da evolução negativa do PIB nacional neste ano, a expectativa de um desempenho medíocre – próximo a zero, em 2016 – não representará alívio para o setor. “A recuperação do ambiente de negócios só deve aparecer daqui a 18 meses, pelo menos”, afirmou Lacerda, durante o 10º Fórum Abrafati, realizado em 26 de agosto, em São Paulo.
Na mesma ocasião, o economista e consultor Maílson da Nóbrega apresentou um prognóstico ainda menos animador. “A economia brasileira vai continuar encolhendo até as eleições de 2018, quando deverá ocorrer a mudança do governo”, afirmou. O ex-ministro da fazenda (governo Sarney) não acredita na saída da atual chefe do Poder Executivo federal por impeachment, muito menos por renúncia.
Tanto Nóbrega quanto Lacerda identificam na atual crise um forte elemento político conturbador, que minou a confiança de todos os agentes econômicos. Sem a neutralização desse fator, dificilmente o país conseguirá retomar o caminho do crescimento.

Congresso internacional – O período de crise exige que cada um se esforce para fazer seus trabalhos de forma cada vez melhor. “A Abrafati 2015, composta pelo congresso internacional e exposição de produtos e serviços, existe para criar um ambiente propício para superar a crise”, salientou Dilson Ferreira, presidente executivo da Abrafati. Ele ressaltou que a indústria de tintas está bem estruturada no país, contando com um programa de qualidade (o PSQ) consolidado, capaz de garantir a satisfação do usuário com o produto adquirido. Também se livrou da informalidade, acabando com a concorrência desleal.
Do ponto de vista tecnológico, o congresso setorial trará novidades que favorecem tanto o consumidor quanto o produtor. Com insumos avançados e técnicas de produção aprimoradas, será possível reduzir custos e oferecer produtos finais de melhor desempenho, um movimento duplamente atrativo, embora possa exigir algum investimento para implantação, que se dará em curto, médio e longo prazos. “Neste ano, a programação científica foi ampliada em 25%, chegando a 90 palestras e quatro plenárias”, informou Ferreira. A plenária de abertura terá a ética como tema, contando com a participação especial do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, celebrado pela firme condução do processo do Mensalão
No campo da política, porém, o momento exige mais empenho da indústria. “Como o poder de decisão migrou do Executivo para o Legislativo, a cadeia produtiva de tintas deve se aproximar mais das casas legislativas, de forma coordenada, mediante a formação de uma frente parlamentar setorial”, recomendou Fereira.
Cláudio Conz, presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção (Anamaco), apoia a iniciativa de aproximação com os legisladores. “O setor do comércio já está organizando a sua frente parlamentar, pois verificamos que as demandas legislativas são muitas e quem atua de forma bem coordenada tem vantagem”, explicou.Conz citou o exemplo do setor agropecuário, que iniciou um trabalho na esfera parlamentar há oito anos, com reuniões semanais para discutir assuntos de seu interesse. “Eles estão conseguindo resultados expressivos”, avaliou. Para ele, associações e sindicatos patronais precisam ser mais atuantes na esfera política, para que as instituições existentes funcionem melhor.
A atuação política mais incisiva poderia evitar dissabores, a exemplo da eliminação da cota de 120 mil t/ano para importação de dióxido de titânio com apenas 2% de imposto de importação, anunciada para 2016. “O governo federal alega que precisa de mais receitas para cobrir o déficit fiscal, mas não percebe que isso vai encarecer as tintas, com reflexo na inflação”, criticou Lacerda. A Abrafati estima em US$ 30 milhões/ano o impacto do imposto majorado para os fabricantes de tintas.
Além do impacto tributário nesse insumo, cabe ressaltar o efeito da desvalorização do real, acelerada neste ano, levando o dólar a superar a cotação emblemática de R$ 4,00. “Quase 65% de todos os insumos usados na fabricação de tintas são importados ou cotados na moeda americana”, informou Lacerda. “Quando os estoques acabarem, a elevação do custo terá de ser repassada para os segmentos a jusante, até chegar à ponta do consumo.”
Isso também se aplica à produção de ácido acrílico e acrilatos, cuja produção nacional começou neste ano, em Camaçari-BA, após investimento de € 500 milhões pela Basf. “A fabricação local garante disponibilidade maior desses itens e redundará em aumento de divisas, pela redução das importações”, comentou Lacerda.
Oportunidades – Quando a maré baixa é que se enxergam as pedras antes submersas. Essa frase por demais conhecida aponta para uma realidade de qualquer atividade econômica: a crise revela as deficiências das cadeias produtivas e é preciso estar pronto para aproveitar as oportunidades que sempre surgem.
Lacerda avalia que o aumento do desemprego e a redução da massa salarial pela inflação causarão um aperto nas finanças das famílias das classes C e D, exatamente as mesmas que foram o motor do crescimento nacional nos últimos dez anos. Para ele, a indústria precisa aproveitar o momento para rever seus processos e procedimentos internos para ganhar mais eficiência e reduzir custos. “A automação precisa avançar, já há tecnologias disponíveis para isso com elevada segurança e confiabilidade”, comentou. O custo do fator trabalho subiu acima da inflação e do aumento da produtividade, exigindo adaptação por parte dos empregadores. “Venho alertando há mais de dois anos que os aumentos verificados nos dissídios da categoria estavam acima do razoável e acredito que, na próxima negociação, não será possível ir além da reposição da inflação passada, se tanto.”
A inovação e diversificação dos produtos oferecidos ao mercado também se revestem de elevado grau de relevância. “O volume vendido de tintas não deve crescer em tempo de crise, mas é possível vender produtos de maior valor, contendo inovações que levem ao consumidor benefícios palpáveis”, comentou. Lacerda aposta nas linhas superpremium, de alto valor e indicadas para consumidores de elevado poder aquisitivo.
O conceito de superpremium não é preciso, pode se referir a itens com uso específico, ou tintas de elevada resistência e durabilidade. “Como o mercado de tintas está normalizado pela ABNT, o consumidor já espera que um superpremium terá desempenho superior ao de um produto premium”, explicou Ferreira.
A cadeia setorial, incluindo lojas e distribuidores, pode se esforçar para incentivar o consumo de tintas. Uma das medidas possíveis consiste no treinamento técnico dos vendedores nos pontos de venda. “Uma rede de material de construção investiu para treinar 2 mil vendedores e verificou aumento de 22% do mix vendido depois dessa qualificação”, revelou Cláudio Conz, da Anamaco. As tintas representam o carro-chefe de vendas nesses lojas, especialmente no comércio de pequeno e médio porte.
Embora aponte redução do volume vendido no varejo de materiais em geral da ordem de 3,2% no acumulado de doze meses (base em junho), com aumento de faturamento de 1,9%, Conz rejeita prognósticos muito catastrofistas. “Talvez até tenhamos um ligeiro aumento de vendas em 2015”, afirmou.
Ele aponta uma forte razão para ser otimista quanto ao futuro da demanda por itens de construção e reforma de residências. “De 2000 a 2015, foram ocupados mais de 20 milhões de novos domicílios e, até 2020, teremos mais 4,4 milhões de novas unidades habitacionais sendo entregues aos compradores em todo o país”, salientou. “Isso é demanda adicional.”
O segmento das grandes construtoras de imóveis, no entanto, passa por graves dificuldades. Eduardo Zaidan, presidente do Sinduscon-SP, aponta a existência de um descompasso de dois a três anos entre o momento econômico e a situação dos empreendimentos do setor, explicada pelo tempo requerido para a execução dos projetos. “Há uma falta generalizada de novos projetos, por isso o nível de emprego no setor poderá cair 14,3% neste ano, ou seja, com o fechamento de 475 mil postos de trabalho”, apontou.
Com base em estudo conduzido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), ele informou que, caso o PIB caia 2%, a retração da construção civil chegará a 7%. A produção de cimento no primeiro semestre deste ano teve retração de 9,64%, atestando a estimativa do sindicato setorial. “O índice de confiança dos empresários do setor é o mais baixo dos últimos cinco anos, a grande crise que temos hoje é de confiança”, salientou, comentando que o Brasil já atravessou pelo menos oito recessões desde 1980, nunca de forma tão dramática como a atual.Automotiva encolheu – Um dos setores industriais mais afetados pela crise é o da fabricação de automóveis, cujos indicadores apontam uma queda entre 18% e 20% na produção de 2015, com elevada ociosidade nas montadoras. “Com isso, voltamos a ter uma produção de carros praticamente igual à de 2004, ou seja, retrocedemos 11 anos”, lamentou Lacerda.
Essa retração afeta diretamente os fabricantes de tintas para carros zero quilômetro (OEM). Essas tintas são vendidas às montadoras mediante contratos de médio prazo, sendo uma parcela significativa negociada na modalidade de película seca aplicada. “Essa modalidade, na crise, é ainda mais gravosa porque o fornecedor da tinta também arca com os custos da aplicação e não pode dispensar o pessoal contratado sob risco de não conseguir recolocar o paint shop em marcha se a produção for reativada”, salientou.
Lacerda também comentou o fato de a produção nacional desses bens ter pouca participação em outros mercados, ou seja, não poder contar com a exportação para minorar os problemas do mercado interno. “O panorama é ruim, em 2020 estaremos com produção de veículos cerca de 20% abaixo do pico verificado em 2013”, disse. Apesar disso, ainda há montadoras sendo instaladas no país, que devem puxar a venda de tintas em 1% a 2% em 2016. “É preciso lembrar que o uso de robôs de pintura está crescendo e eles reduzem o consumo de tinta aplicada por caro, por serem mais eficientes”, disse.
O segmento de repintura automotiva geralmente apresenta comportamento descolado da pintura OEM. Neste ano, essa atividade de reparação e personalização de veículos está com resultado melhor, ou menos ruim, mas registrará crescimento igual a zero em 2015, com elevação da inadimplência. Dados da Abrafati indicam boas vendas de janeiro a abril no segmento, mas seguidos por uma queda abrupta nos meses seguintes. “Projetamos aumento de vendas de 2% a 3% em 2016, mas precisamos ver se isso será obtido com as linhas de alta ou baixa tecnologia”, afirmou Lacerda.
O grande temor do dirigente setorial é de enfrentar um downgrade tecnológico. O padrão atual da reparação contempla o uso de máquinas de preparação de cores na loja ou na oficina, sistema que apresenta vantagens para redução de inventário e custos. “Não podemos voltar para as tintas prontas, isso seria muito ruim para a cadeia produtiva”, ressaltou.
O cenário da repintura automotiva é influenciado pela atuação das companhias seguradoras, que exigem dos reparadores custos cada vez menores e rapidez na execução dos serviços. E, como na construção civil, qualificar os profissionais dos pontos de venda é fundamental, assim como acelerar a redução do conteúdo de compostos orgânicos voláteis (VOC) nesse segmento. “A Basf já reverteu toda a sua produção para low VOC ou no VOC”, informou.
A questão do VOC nas tintas deverá ganhar um reforço inesperado, proveniente da análise das causas da explosão no Porto de Tianjin. A presença de grande quantidade de solventes inflamáveis no local ajudou a amplificar a catástrofe. “As autoridades chinesas aceleraram a discussão do uso de solventes orgânicos no país, questão que estava abandonada até então; isso terá reflexos em todo o mundo”, comentou.
A indústria de tintas, em todas as suas ramificações, deve atentar para os aspectos ligados à sustentabilidade. Esse é um dos temas mais relevantes da Abrafati 2015. “Lembro a todos que o primeiro pilar da sustentabilidade é manter um negócio hígido, lucrativo”, disse Lacerda. A eliminação de rejeitos é uma iniciativa a ser explorada pelo setor, por exemplo. A plenária do segundo dia do congresso tratará desse tema de alcance mundial.

Fornecedores – É inegável que a crise econômica esfria o ânimo dos participantes da exposição. Porém, há quem tenha conquistados reforços importantes de portfólio, capazes de garantir bons resultados. É o caso, por exemplo, da IMCD, distribuidora de origem holandesa que ingressou no país mediante a aquisição da Makeni Chemicals. A distribuidora mantém um longo relacionamento com a Basf e garantiu a distribuição exclusiva do ácido acrílico e dos monômeros dele derivados – acrilatos de butila e etil-hexila –, produzidos pela multinacional alemã em Camaçari-BA e Guaratinguetá-SP. “Em época de alta do dólar, ter produtos de fabricação local, com preços muito competitivos, é um diferencial importante”, avaliou Reinaldo Medrano, diretor-presidente da IMCD Brasil.
Sem precisar importar esses insumos, a distribuidora pode oferecer preços livres de riscos cambiais, entrega em pequenos volumes, faturando os produtos por operação, na frequência desejada pela cliente. “A procura pelo ácido acrílico nacional está forte, substituindo importações, pois os fabricantes de resinas querem flexibilidade para formular seus produtos”, comentou.Embora tenha um portfólio alentado, com linha de solventes sintéticos fornecidos pela Oxea, LyondellBasel e Eastman; aditivos de sílica, silanos e silicones da Evonik, com o reforço recente (contratado em junho com distribuidor exclusivo e operador logístico) do amplo leque de tipos de dióxido de titânio da Huntsman, a IMCD não pretende destacar produtos em seu estande. “Neste ano, nosso foco será apresentar nossa especialização técnica em coatings para os clientes, com o objetivo de oferecer a eles suporte técnico para resolver problemas e criar novas soluções”, resumiu Medrano.
Como explicou, a IMCD mantém sete laboratórios de revestimentos ao redor do mundo, todos eles interligados e operados por um software de gestão para novos desenvolvimentos. “É uma rede mundial com troca constante de informações; quando alguma coisa nova surge, ela é imediatamente compartilhada com todos os integrantes”, explicou. O laboratório brasileiro do grupo fica em Diadema-SP, ocupando parte da área na qual ficavam os escritórios de administração e vendas, atualmente instalados em moderno edifício em São Paulo. Isso reflete o posicionamento estratégico da distribuidora mundial, mais interessada nas especialidades químicas.
O estande da IMCD abrigará treinamentos e demonstrações para clientes, contando com a participação de especialistas internacionais do grupo, entre eles o diretor técnico global da área. Segundo Medrano, em tempos de crise, como o atual, os clientes se mostram receptivos para adotar modificações que resultem em redução de custos, melhoria de desempenho e inovações que resultem em diferenciação de produtos finais.
A análise do comportamento de mercado deste ano, porém, é decepcionante. “As vendas físicas de produtos para tintas estão entre 20% e 30% abaixo do nível verificado em 2014, mas estamos mantendo o faturamento em moeda local, o que reflete a variação cambial”, comentou. Nos últimos três anos, já se percebia uma redução de atividade nas tintas, mas o resultado anual sempre foi positivo. Em 2015, o corte foi abrupto. “Acho que será o primeiro ano de retração geral nesse setor”, disse.
Desde os tempos da Makeni, a exposição da distribuidora no país ao setor de tintas era significativa, representando quase 60% do faturamento. “Atuamos em outros setores industriais, como nos domissanitários e cosméticos, que estão com desempenho bem melhor e, por isso, estão conquistando maior participação nos resultados”, explicou. Dessa forma, a área de coatings deverá representar perto de 50% das vendas da distribuidora neste ano.

Preparando o futuro – Embora os resultados do setor não sejam animadores, a quantiQ, maior distribuidora nacional, terá participação notável na Abrafati 2015. “É o maior encontro do setor na América Latina, vem muita gente de fora do país e há grande troca de informações e contatos”, justificou Luiz Maranho, gerente da unidade de negócios de tintas da quantiQ.
Ele aponta que a venda de tintas imobiliárias deve fechar 2015 com queda de 5% a 6%, em volume, no país, enquanto os produtos para as linhas industriais e automobilística seguirã em queda mesmo em 2016. E 2014 já foi um ano fraco para o setor. “Estamos no meio de uma crise de natureza política e econômica, para qual a desvalorização do real traz mais preocupações”, disse Maranho. “Apesar disso, os clientes estão receptivos para testar novidades, isso é bom.”
Ele identifica grandes oportunidades de negócios para introdução de insumos de baixo conteúdo de VOC e com foco em sustentabilidade, principalmente com o uso de fontes renováveis. “Estamos operando com três novos parceiros, fabricantes que buscaram no Brasil um distribuidor com o caixa robusto, porque a atividade demanda muito capital de giro”, salientou.
A primeira nova parceria foi estabelecida com a Shin-Etsu, do Japão, que fornecerá hidróxi-etil celulose, modificador reológico que dispensa aditivação pesada suplementar, proporcionando mais possibilidades de formulação. O HEC já teve produção nacional, que foi descontinuada, motivo que tornou o HEC menos popular do que o CMC (nacional) e os espessantes associativos sintéticos. “A Shin-Etsu está partindo uma fábrica nova nos EUA e poderá suprir o Brasil com preços competitivos, lembrando que já existe um mercado próprio do HEC por aqui e que poderemos ampliá-lo”, comentou.
Outra novidade no estande da quantiQ será a linha de opacificantes especiais da FP-Pigments, dos EUA, que reduzem o uso de dióxido de titânio nas formulações. “Eles são muito diferentes dos extensores tradicionais, podemos dizer que eles são cargas especiais encapsuladas, com um segredo tecnológico, que procporciona melhor poder de cobertura”, informou.A terceira parceria recente foi firmada com a Pioneer (China), para o fornecimento de resinas metacrílicas com foco em tintas industriais usadas em aplicações diversas, incluindo cura por UV, entre elas na impressão gráfica e embalagens.
Além disso, a extensa linha da quantiQ inclui especialidades, como os agentes de cura para epóxi (policarbamidas) da Air Products, vanadatos de bismuto laranja da DCC Pigments (em substituição aos molibdatos e cromatos), bem como os solventes hidrocarbônicos da Braskem e sintéticos da Sasol (éteres e acetatos). “Estamos atuando com a Braskem para criar formulações de diluentes com baixo teor de aromáticos”, informou.
Como nicho de mercado com boas possibilidades futuras, Maranho cita o caso das tintas imobiliárias superpremium. “Temos no portfólio da quantiQ os ingredientes para essas formulações, mas estamos vendo o mercado das tintas premium migrando, em parte, para standard”, afirmou. “Os grandes fabricantes de tintas já estão ingressando no superpremium, como fazem em outros países, os demais, talvez, no futuro.”

Adaptação estratégica – A crise econômica brasileira caiu como uma ducha fria nos planos da MCassab de ampliar sua participação na área de químicos industriais – a distribuidora tem forte participação nos setores farmacêutico, alimentício, cosmético e de nutrição animal. “Estávamos mantendo uma estratégia de crescimento acelerado, acompanhando a evolução da economia brasileira até há dois anos, quando o vento virou; agora estamos nos ajustando à realidade”, comentou Vânio Oleiro, dirtero de química industrial.
Ele comentou que o setor de tintas é relevante para todos os distribuidores atuante em mercados industriais, em qualquer lugar do mundo. “As formulações de tintas requerem grande número de itens, muitos deles sofisticado, essa é a situação ideal para a distribuição química atuar”, explicou. Na MCassab, as vendas para tintas representam cerca de 35% do faturamento da divisão química, uma posição relevante.
“O mercado passa por um momento difícil, mas vai se recuperar”, aposta Oleiro. Atualmente, ele identifica movimentos de ajuste por parte de seus clientes, apontando para redução de custos. A elevação do dólar em relação ao real trouxe efeitos muito negativos, em parte atenuados pela queda de cotações mundiais dos derivados de petróleo. “Não vejo grandes mudanças tecnológicas no perfil das compras dos clientes, nem poderia haver um retrocessos para tecnologias mais antigas porque as normas de qualidade e segurança laboral e ambiental impediriam”, afirmou.
Entre os vários segmentos do mercado de tintas, Oleiro aponta a repintura automotiva e as tintas para flexografia (embalagens) como os que estão se saindo melhor no momento. “Só agora estão chegando as primeiras informações de queda na venda de produtos finais e que podem significar uma redução no consumo de tintas de impressão, mais ainda precisamos ver como esse mercado vai se comportar até o fim do ano”, ponderou.
Para a Abrafati 2015, a MCassab apresentará o coalescente Ultrafilm 260 LV, fornecido pela Oxiteno, de alto poder de solvência, baixa taxa de evaporação e reduzido teor de VOC, indicado para vários tipos de polímeros (vinílicos, acrílicos, estireno-acrílicos, por exemplo). Também pode ser usado como removedor de tintas.
“Na nossa estratégia atual, estamos aprimorando nossos processos internos e serviços para clientes para aumentar a eficiência, ou seja, queremos fazer melhor as nossas tarefas a cada dia”, informou. A distribuidora está atenta às inovações, mas o foco é buscar maior aproximação com os clientes, oferecendo melhores operações logísticas, embalagens no tamanho e tipo adequado às necessidades deles.